Ténues linhas do ódio
Não és linda, não, não és linda. És feia, feia, esconde-me essa cara. Não limpes as lágrimas com a manga da camisola, não faças mais estragos. Põe os óculos outra vez, esconde esses olhos vazios e perdidos, vermelhos de sono e de choro. Não sorrias, não vale a pena fingir que sorris quando nem vontade tens de o fazer. Não te escondas atrás dessa atitude tímida, perdida no teu próprio abraço forte com medo de pareceres ainda mais desamparada do que já és, não te encostes à parede e deslizes até ao chão de pedra fria, não vale a pena, o mundo não volta atrás para te confortar.
…não me digas essas coisas, ajuda-me…
Ajudar-te? Para que queres ajuda? Só te ajudo se for para te derrubar de forma a mais ninguém te poder ver como eu vejo, essa atitude fria e magoada, como que te sentisses insultada com o que mora dentro de ti. Eu não quero que saibam que te conheço, não me acenes quando me vires ao longe na rua ou irei mudar para o outro lado do passeio e fingir que acenas ao vazio. Tão vazio como tudo em ti. O teu coração. Vazio, muito vazio, talvez funcione do vácuo, do infinito que além de infinito nunca termina. Nunca amaste ninguém porque nunca tiveste ninguém que olhasse sequer para ti.
…já amei sim, não me julgues…
Julgar-te? Longe de mim fazê-lo. A verdade não é julgamento nem merece castigo. Mas nunca amaste, nunca quiseste, talvez perder o teu tempo com alguém que não te queria te parecesse muito dispendioso. A vida é má para ti. Cada um tem o que merece. E tu talvez tenhas pouco do que mereças, se calhar, além de ignorada por tudo o que é vivo devesses também rastejar abaixo das pedras, comer a poeira que piso, lavar a cara suja e de olhos vermelhos na lama da chuva.
…porque me castigas…
Porque te amo. Porque minto. Porque penso que és como eu. Mas não… Perdoa-me.
…não me digas essas coisas, ajuda-me…
Ajudar-te? Para que queres ajuda? Só te ajudo se for para te derrubar de forma a mais ninguém te poder ver como eu vejo, essa atitude fria e magoada, como que te sentisses insultada com o que mora dentro de ti. Eu não quero que saibam que te conheço, não me acenes quando me vires ao longe na rua ou irei mudar para o outro lado do passeio e fingir que acenas ao vazio. Tão vazio como tudo em ti. O teu coração. Vazio, muito vazio, talvez funcione do vácuo, do infinito que além de infinito nunca termina. Nunca amaste ninguém porque nunca tiveste ninguém que olhasse sequer para ti.
…já amei sim, não me julgues…
Julgar-te? Longe de mim fazê-lo. A verdade não é julgamento nem merece castigo. Mas nunca amaste, nunca quiseste, talvez perder o teu tempo com alguém que não te queria te parecesse muito dispendioso. A vida é má para ti. Cada um tem o que merece. E tu talvez tenhas pouco do que mereças, se calhar, além de ignorada por tudo o que é vivo devesses também rastejar abaixo das pedras, comer a poeira que piso, lavar a cara suja e de olhos vermelhos na lama da chuva.
…porque me castigas…
Porque te amo. Porque minto. Porque penso que és como eu. Mas não… Perdoa-me.