B&W
Andava com vontade de escrever um texto que metesse cor de ébano... Um texto que ao ler parecesse a preto e branco. Só isso ;)
«Os cabelos cor de ébano contra o solo arenoso. Tinha-se deitado. Como um corpo que jazia. Que morria. Que vivia sem querer viver. Que sucumbira. Que falecera. Como um coração que amara e nada tivera em retorno. Vestido preto que não lhe cobria uma cicatriz de que não gostava numa das pernas. Olhava o céu sem o ver. Sem esperar. Na mão direita uma pequena cruz num fio que acabara de arrancar do pescoço. Perdera a esperança. A fé. Perdera a crença fosse no que fosse. Em si mesma. Em silêncio, chorava. Chamava corvos. Conjurava pragas. Em silêncio. Com a mesma face inerte de quem se queda privado de vida. A areia levada pelo vento atingia-lhe os braços nus com violência. O mar lambia as rochas querendo levá-las consigo. Não esquecia. Não lembrava. Existia sem o ser. Queria ficar ali até a sua presença ser ausência. Até o dia escurecer e as estrelas murcharem de novo ao amanhecer. Esperar um novo ocaso, novas estrelas, novo sol. E contar os dias pelas marés. Pelas luas. Pelos grãos de areia. Esquecer o que a levara ali. A enfrentar o frio. A solidão. O negrume da mágoa. Era quem era. Infelizmente. Era quem não queria ser. »
«Os cabelos cor de ébano contra o solo arenoso. Tinha-se deitado. Como um corpo que jazia. Que morria. Que vivia sem querer viver. Que sucumbira. Que falecera. Como um coração que amara e nada tivera em retorno. Vestido preto que não lhe cobria uma cicatriz de que não gostava numa das pernas. Olhava o céu sem o ver. Sem esperar. Na mão direita uma pequena cruz num fio que acabara de arrancar do pescoço. Perdera a esperança. A fé. Perdera a crença fosse no que fosse. Em si mesma. Em silêncio, chorava. Chamava corvos. Conjurava pragas. Em silêncio. Com a mesma face inerte de quem se queda privado de vida. A areia levada pelo vento atingia-lhe os braços nus com violência. O mar lambia as rochas querendo levá-las consigo. Não esquecia. Não lembrava. Existia sem o ser. Queria ficar ali até a sua presença ser ausência. Até o dia escurecer e as estrelas murcharem de novo ao amanhecer. Esperar um novo ocaso, novas estrelas, novo sol. E contar os dias pelas marés. Pelas luas. Pelos grãos de areia. Esquecer o que a levara ali. A enfrentar o frio. A solidão. O negrume da mágoa. Era quem era. Infelizmente. Era quem não queria ser. »
2 Comments:
:D
tá lindo... tá profundo... simples e... preto e branco!
tal como disseste é mais interessante escrever coisas tristes...
está cor de ébano!
Escreves de uma forma tão intensa que quando estou a lêr alguns textos (como é o caso deste)parece que estou a vêr um filme. A tua capacidade descritiva quer fisica quer emocional é fantástica.
BJS Adoro-te
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