quarta-feira, março 15, 2006

As badaladas. Som que rompe o escuro e lambe as paredes corroídas pelos anos. Pequenos passos nas escadas de madeira. Tímidos. Como se temessem o que o mundo ainda tem a mostrar a quem abre os olhos pela primeira vez. Um cobertor. Cheira a mofo e conforta. Aquece. Não está frio. Mas agradece-se a companhia do toque. Uma dança em castelos de ar, em rios de alumínio e diamantes que ferem os pés. Tímidos. Um sonho que não acaba. Um abraço ao vento alcançando a ilusão de um amor ainda perdido. Alguém de joelhos. Mão na mão. Olhos nos olhos. E uma nova dança. E o cobertor a escorregar pelos ombros, a pender sobre a cintura, a cair inerte no chão. E o escuro não fere. As badaladas marcam a interminável meia-noite do ser. Uma vela que ferve nos interstícios da noite. Nada que não se viva. Alcatifa que prende os movimentos. Um riso que ecoa nas salas já ocas de gente. E um baixar de ombros que se manifesta por entre aquela cumplicidade, aquela dança. Aquele amor tão eterno sem ter tido sequer ainda significado. Não há esperas. Não há segundas chances. É ela, o cobertor no chão, a essência do que cessa, a vela que se agita e o pedaço de vento que é ele. Que há de ser ele. Que é a sua ausência. E ela abraça-o. Aperta-o contra si. Nova dança? Concerteza. Até que se gastem as pedras da calçada, os diamantes, a alcatifa. Até que se desmorone todo o pesado castelo que surgiu em sua volta. Até o cobertor ser gente. Ser mais do que um agradável contacto. E não há necessidade de suster a respiração. É tudo tão rápido. Processo tão instantâneo. E de novo subir as escadas. Timidamente. A medo. Medo da fuga sem retorno. Medo dos lençóis que parecem agora menos acolhedores que as paredes corroídas e o terno frio do silêncio. Do vento. Que era ele. E deita-se. E dorme. E sonha.

E se ele é vento... Ela é brisa.
While listening to Nickelback - Far Away
«On my knees
I'll ask
One last chance
For one last dance»

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

em cada palavra tua eu encontro um pouco de ti mor,e ao ler cada palavra,sinto um arrepio k me percorre todo o corpo e toda alma de cima abaixo,pensando kando voltarei a atr ctg,ouvir te falar,ouvindo te sussurar ao meu ouvido,sentir o teu tok,o teu beijo..mas kando dou por mim,tenho um vazio em mim,um vazio de saudade..mas tb um sentimento de grande felicidade,por saber k fazes parte da minha vida..AMOTE PARA SEMPRE minha princesinha linda******

9:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

...agradeço e retribuo a amável visita...

9:47 da tarde  
Blogger Unknown said...

sem comentários...

estou boquiaberto! a tua escrita evolui a olhos vistos a cada texto que escreves! quase que consigo sentir o texto em mim... tá lindo!

está lindíssimo! **

10:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

és linda miuda.......
TVB*****************

Conta smp ca gO tá??

ñ dsistas nc..

=)

amut*

6:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Concordo com o Pedro a tua escrita evolui a olhos vistos continuas a surpreender e irradia felicidade (porque será? Será do Leonelá?!)

Bjs Monstrinha linda

6:03 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

super profundo


brutal mesmo

tás lá

9:38 da tarde  

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