quinta-feira, novembro 02, 2006

É nevoeiro. São mil as gotas de água que te iluminam o corpo. Nunca esqueci esse olhar. Esse andar. Os teus cabelos que ondeavam pelas tuas costas como serpentes famintas de ti. O teu feitio. Eras diferente de todas as outras. Ainda és. Nunca conheci ninguém que despertasse tanto de bom como de mau em mim. Tanto amor. Tanto ciúme. Tanto ódio aos olhares que se cruzam com o teu na rua. És minha sem o ser. Sem o saberes. Nunca te falei mas é como se nunca nos tivéssemos calado. É silêncio o que sentimos. Constrangimento. Sei que tens alguém. Alguém que nunca te trataria tão bem como eu. Nem quando te espera no vão das escadas com aquele sorriso de quem tem tudo no mundo. Nem quando te abraça com mais cuidado do que desejo. Nem quando te fica a ver enquanto desapareces pelo prédio adentro por detrás da pesada porta de vidro e das caixas de correio. Nunca. Eu fá-lo-ia com o dobro da dedicação. Do amor. Do desvelo. Do respeito. Tudo desde que tu e toda tu, o teu olhar, o teu cheiro, o teu respirar, a tua voz, tu e toda tu, fosses minha. Inatingível. É o que és. Esfinge. Deusa. Amor proibido de tão platónico. Proibido. São os teus passos que eu ouço quando alguém passa por mim na rua. E no seu eco a tua ausência incoerente. Psicose. Sou demente por amar. Por amar demais quem não conheço, quem não é em mim senão uma presença arbitrária. Como tantos acasos em que tropeço na vida. Foste mais um. Um que me atirou ao chão de tão grande a sua dimensão. Avassalador. Como tu. Os teus olhos faiscantes de tanto que está dentro de ti e que eu não faço a ideia do que seja. Brilhantes do mais puro sorriso que já vi um olhar ceder a outro. És tanto e nada. És luz e trevas. Não sei até que ponto a tua existência me faz feliz mas sei que não seria possível existir se não coexistisse contigo. É crime o que fazes. É crime não saber sequer o nome porque te chamam, as qualidades porque te amam ou o que viveste até ao dia em que te encontrei. Gostava de me sentar contigo numas escadas duma casa qualquer e ouvir-te rir e contares-me o teu dia-a-dia. Mesmo os pormenores chatos. Mesmo sobre as pessoas que, como eu, passam por ti na rua e se demoram mais 2 segundos no teu olhar, nas tuas feições. Tudo o que quisesses contar, seria tudo o que eu quereria ouvir. Até que a voz te falhasse e vivêssemos de novo como até aqui: em silêncio.


Escrevi directamente aqui.. Nem vou ler tudo seguido que senão posso não gostar.. ;)

*

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

aiiii.
isso está bonito demais.
é mesmo completamente inteiramente fofo ^^.

e é melhor para por aqui senão sai coisa feia. e eu não quero estragar o texto.

beijinho *

7:32 da tarde  
Blogger Unknown said...

palavras para quê?

8:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

simplesmete lindu***;)joao

9:43 da tarde  
Blogger Unknown said...

PARABÉNS!

6:30 da tarde  
Blogger happiness...moreorless said...

Conheci este teu espaço através do Perdro (Cumentarius) e fiquei completamente apaixonada pela tua escrita...tens um dom, acredita! Espero em breve, ter também opurtunidade de ler o teu livro, já que "devorei" o teu Blog num instante =)!
Parabéns, e vou continuar a visitar-te, estou ansiosa por te ler de novo.

um beijinho

7:11 da tarde  
Blogger happiness...moreorless said...

Finalmente tive oportunidade de ler o teu livro =)
Posso dizer que tens mesmo imenso "jeitinho" com as palavras, gostei muito da forma como expressas o modo de pensar e agir de ambas as personagens e de um modo geral adorei o livro!!

o que talvez te aconselhasse a rever era o final, acho que, como base em tudo o que já li teu, és capaz ainda de melhor!

Muitos Parabéns! =)
***

12:22 da manhã  

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