sábado, junho 24, 2006

D.Q.N.C. - parte 6 - capítulo 2

Desculpem o atraso... Exames...


«Sem dúvida que te estava a magoar, deixei-te os meus dedos marcados a vermelho. Abanaste a cabeça e olhaste o chão, também não sabias responder.
- Desculpa, amor, mas sempre tivemos aí o rio mesmo ao lado de casa e nunca tinha acontecido nada disto, nunca tiveste pesadelos. Tens medo da água? O rio significa algo para ti? Sei lá, podíamos tentar encontrar a raiz do problema…
Mexia-te no cabelo, se queríamos resolver isto teríamos de trabalhar em conjunto. O teu olhar continuava a tentar perfurar o chão, talvez te tivesse magoado com alguma palavra menos bem pensada mas tu sabes que eu me importo, que quero saber, que realmente me preocupo.
- Resume-se tudo a perda e posse.
Incentivei-te a continuar com um movimento de cabeça.
- Sentimento de perda se não respondo ao teu chamado, se te deixo ser consumida pelo rio, medo de te perder na realidade. Posse quando tenho vontade de me atirar ao Douro e te perseguir por entre os rabelos. Talvez seja uma premonição, talvez… Sabes? Vocês têm a intuição feminina, porque não uma intuição masculina?
- Mas há intuição masculina, sim. Sabes aquela vozinha que te diz em que prateleira do frigorífico está a cerveja em dias de futebol?
- Não sejas assim…
- Eu só acho… Sei lá o que eu acho, mas não me vais perder, eu estou aqui contigo não estou? Eu nem sei nadar bem, o que iria fazer ali para o meio?
Senti o teu abraço apertar-se mais. Fiquei assustada com essa história de premonição, claro que fiquei, mas prefiro não pensar nisso. Porque razão algo haveria de estragar a nossa felicidade? Tu sabes bem que apesar do que digo levo esse sonho a sério, tu conheces-me. Rir para não chorar, já dizia o meu pai. Olho para o Douro pela janela e até a mim ele me parece diferente. Tento imaginar-me a dançar nas águas, mas desisto facilmente, tenho uma imagem minha, má o suficiente, para me permitir esta humilhação. Suspiras.
- Está quente…
- Pois está.
- Lembras-te de quando nos conhecemos?
- Claro! Aquele dia no café com os amigos…
- Hmm, não… Foi na praia.
- Praia? Que praia?
- Da Nossa Senhora da Rocha, no Algarve.
- Não foi no café do…
- Não.
- Ia jurar…
- Mas não, não foi. Ao menos lembras-te de como?
- Claro que sim, meti conversa contigo, achaste-me piada, eu até era giro e tal, pediste-me o meu número de telefone…
- Desculpa?
Riste-te.
- Agora estava a brincar contigo. Estavas no mar, eu fui ter contigo, ficámos a olhar um para o outro…
- Sorrimos, corámos os dois e nunca mais nos perdemos de vista.
Voltámos a corar e a sorrir.
- Há quanto tempo não tínhamos uma conversa decente?
- Um, dois anos…
Olhaste-me, incrédulo, mas em segundos o teu rosto encontrou alguma concordância com o que eu acabara de dizer.
- O que já perdemos…»

3 Comments:

Blogger António Gomes said...

Muito bom o reencontro!

6:24 da tarde  
Blogger Unknown said...

só para picar os que comentam...

eu já li o livro e sei o final!!

ahahahaha =P =P =P =P

6:26 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

como as conversas resolvem tudo ^^


***

9:11 da manhã  

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