D.Q.N.C. - parte 2
«- Está um céu lindo esta noite.
Concordei. Era o nosso céu. Pediste-me que me fosse deitar. Mais uma vez dei-te razão, sempre que adormecia no cadeirão ficava com dores no fundo das costas. Beijaste-me na testa.
- Para a próxima, sonha que estamos a dançar a valsa no mar vermelho.
Sempre foste irónica. Por instantes perdi o interesse no meu sonho, mas parecia tão real, ainda sinto o teu cheiro misturado com o do rio, ainda sou capaz de ver os teus cabelos esvoaçar com o vento. Tenho quase a certeza que debaixo desse roupão está uma mulher que dança sobre as águas e foge com as correntes.
Subiste as escadas. O ranger do soalho. Os teus passos quebravam o silêncio e confortava-me a tua presença. Não conseguia tirar o sonho da cabeça, mas preferia agora que estavas perto. Encostei o nariz ao teu pescoço, sem dares por isso, e embalei-me no teu cheiro. Abriste a porta do quarto com cuidado, como se tivesses medo de afugentar o sono que eu já adivinhava em ti. Foste à casa de banho lavar a cara, sentei-me na cama. Ainda dançavas nos meus pensamentos, os teus olhos penetrantes fixavam os meus, chamavas-me… Chamavas-me para o Douro… Que quererias? Abri a gaveta, tirei de lá o isqueiro e um cigarro. Tinha que tirar aquela visão da minha cabeça. Procurei um cinzeiro com o olhar, sei que tenho um no quarto apesar de tu não quereres que eu fume aqui. Lá está ele. Metade da minha vida neste maldito cinzeiro… Apareceste. Tinhas o cabelo solto. Agora sim era capaz de jurar que estava a sonhar. Seria o roupão que trazias vestido enquanto dançavas?
- Outra vez a fumares aqui?
Encolhi os ombros. Já me tinhas feito entender que não querias saber as razões. Fizeste aqueles estalidos com a língua de desaprovação.
- Tsk, tsk…
O sabor do tabaco não me estava a ajudar. Acabei sem perceber o que tinha que esquecer: se a mulher do roupão ou a mulher do Douro. Apaguei o cigarro, afastei o cinzeiro. Deitei-me a teu lado. Dormias. Muda. Quieta e calada. Tinhas o corpo cor de canela brilhante pelo suor, estava uma noite quente. Gosto tanto de te ver dormir…»
Concordei. Era o nosso céu. Pediste-me que me fosse deitar. Mais uma vez dei-te razão, sempre que adormecia no cadeirão ficava com dores no fundo das costas. Beijaste-me na testa.
- Para a próxima, sonha que estamos a dançar a valsa no mar vermelho.
Sempre foste irónica. Por instantes perdi o interesse no meu sonho, mas parecia tão real, ainda sinto o teu cheiro misturado com o do rio, ainda sou capaz de ver os teus cabelos esvoaçar com o vento. Tenho quase a certeza que debaixo desse roupão está uma mulher que dança sobre as águas e foge com as correntes.
Subiste as escadas. O ranger do soalho. Os teus passos quebravam o silêncio e confortava-me a tua presença. Não conseguia tirar o sonho da cabeça, mas preferia agora que estavas perto. Encostei o nariz ao teu pescoço, sem dares por isso, e embalei-me no teu cheiro. Abriste a porta do quarto com cuidado, como se tivesses medo de afugentar o sono que eu já adivinhava em ti. Foste à casa de banho lavar a cara, sentei-me na cama. Ainda dançavas nos meus pensamentos, os teus olhos penetrantes fixavam os meus, chamavas-me… Chamavas-me para o Douro… Que quererias? Abri a gaveta, tirei de lá o isqueiro e um cigarro. Tinha que tirar aquela visão da minha cabeça. Procurei um cinzeiro com o olhar, sei que tenho um no quarto apesar de tu não quereres que eu fume aqui. Lá está ele. Metade da minha vida neste maldito cinzeiro… Apareceste. Tinhas o cabelo solto. Agora sim era capaz de jurar que estava a sonhar. Seria o roupão que trazias vestido enquanto dançavas?
- Outra vez a fumares aqui?
Encolhi os ombros. Já me tinhas feito entender que não querias saber as razões. Fizeste aqueles estalidos com a língua de desaprovação.
- Tsk, tsk…
O sabor do tabaco não me estava a ajudar. Acabei sem perceber o que tinha que esquecer: se a mulher do roupão ou a mulher do Douro. Apaguei o cigarro, afastei o cinzeiro. Deitei-me a teu lado. Dormias. Muda. Quieta e calada. Tinhas o corpo cor de canela brilhante pelo suor, estava uma noite quente. Gosto tanto de te ver dormir…»
2 Comments:
que senhora grande que és ^^.
vai postando cá isso que não deve haver quem não esteja a gostar do que lê =]
**
ai... "o ranger do soalho"...
=)
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