quinta-feira, maio 18, 2006

Slow

Um slow. Os pêlos dos braços a eriçarem-se um a um. Pele de galinha. Arrepio. Breve candura de um amor de que seremos privados para sempre. Porque não existe. E mais não são os nossos desejos, do que ecos ocos no acaso do vazio. Aliteração. Alienação. Sonho maior que a existência. Que a vida. Que os homens. Voo alto e queda em lençóis frios que não se equiparam à ideia que tenho do calor do teu corpo. Os teus braços já não me apertam. A tua voz já não me chama. É silêncio o que sentimos. Vaga esperança de que um dia mude. (Riso alto glorificando a ingenuidade.) Nada muda. Nem o céu. Nem o mar. Nem o coração dos homens. Lágrima nos olhos mortiços de cansaço. Cansada de lutar. De querer e não ter. De saltar e não apanhar um pedaço de lua que te prove que me levas às nuvens. Talvez já não leves. Ler um livro qualquer, num sítio qualquer, por uma razão qualquer e criar de novo algo complexo no espírito. Uma ponta de amor. De algo que faça acreditar em príncipes e princesas e rosas. Ás de copas. Azar no jogo… Sorte no… Mas que digo? De novo o slow. Razão crescente para acreditar que sim. Que um dia, na minha vida, há-de aparecer uma pequena placa a dizer “fim” e “foram felizes para sempre”. Mesmo que o sempre sejam dois dias. Porque “sempre” é sempre “sempre”, e mais vale do que “nunca” que nunca é “sempre”. Borboletas no estômago. Efeito placebo de uma pseudo-paixão que não vive. Que não existe. Que não toma forma. Vontade de acariciar outros cabelos que não os meus. De sentir outros abraços que não os dados pelos meus braços. Repito-me. É normal… É normal… Toda a gente saberá…

…assim que eu lhes quiser contar.
While listening to Fingertips – You’re gone
«Ah,don’t you feel alive
When you dance between my thoughts
You swore to come here everynight
Just to sing our song »

3 Comments:

Blogger Unknown said...

=)

Que delícia! Cada vez melhor os teus originais! As palavras penetrantes e sentidas, as antíteteses, as incertezas e as certezas, o bom e o mau e esta metaestabilidade em que vivemos. Tu mostras tudo como ninguém!

O teu estilo de escrita está cada vez mais adulto e mais definido, felizmente pude "acompanhá-lo" desde que era ainda uma criança e devo dizer-te que os pais devem estar muito orgulhosos! (E que raio de analogia que eu fui arranjar...)

Beijinhos e continua que és a maior!! **************

9:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

quando for grande deixas-me ser como tu?? xD lol


revejo-me "bué" nos teus textos =]


*** continua que tu és grande

2:39 da tarde  
Blogger Unknown said...

SPAMMMMM

AH AH AH!! LOLOL


bjito ***

10:02 da tarde  

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